Intercâmbio: o momento em que conhecemos pessoas especiais‏

A viagem de intercâmbio começa muito antes do embarque. Quando você decide pela Irlanda ou qualquer outro lugar do mundo e até mesmo quando você ainda esta decidindo o destino.

A busca por informações já é uma jornada que te possibilita descobrir quão pequenos somos e quanta gente bacana tem por aí, seja simplesmente postando dicas no orkut, procurando se ajudar e se encontrar para ir, chegar e quem sabe ficar juntos no destino.

Bom até então, somente coisas genéricas, mas vou explicar o porquê disso.

Até o embarque…

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Ainda na época da procura / decisão, além das pessoas obvias (mãe, namorada, amigos próximos) tantas outras começam a chegar até você com um carinho que não se podia imaginar. Frases como “vou sentir sua falta” começam a vir de diversas pessoas, e às vezes repetidamente… Pra mim foi um primeiro estralo no sentido de “caramba, eu devia dar mais atenção pra essa ou aquela pessoa”.

Pra mim, o fato mais marcante pré-viagem foi a despedida no aeroporto. Uma amiga querida, mas de pouco contato (e que gravou a minha música de despedida comigo), saiu da casa dela, pegou um baaaaita congestionamento na via Dutra, para chegar e simplesmente me dar tchaw… Foi um abraço, 5 minutos de papo, lágrimas e fim… E estávamos falando no caminho, ela sabia que ia ser assim, poderia ter meia volta a qualquer momento.

E os primeiros dias de desespero?

Antes mesmo do embarque, assim como todos que no lê, saímos a procura de informações e ombros amigos. E a que mais me marcou foi um contato que o Edu encontrou, a nossa atual colaboradora Kenia. Ela recebeu nossos PPS e muitas ligações perguntando informações básicas que tínhamos nos primeiros passos. Não foi a toa que se tornou uma grande amiga nossa e dos velhinhos irlandeses.

Logo na chegada conhecemos alguns outros recém chegados, mas que já tinham quase 1 mês Irlanda e já estavam estabelecidos com casa e emprego. Estas almas caridosas nos chamaram para almoçar na casa deles. Compramos a carne e levamos. Talvez quem ainda não foi não tenha noção do valor deste nobre ato hehehe. Comida na rua em Dublin é caro, na hostfamily só se serve café e janta… Logo, almoçar com amigos pode trazer ótimas economias e principalmente uma alimentação mais adequada, o que pode te ajudar a não contrair uma gripe na sua chegada, o que é muito comum por conta da mudança de clima, umidade, hábitos (ex. andar muuuuuito e no frio) entre outras coisas.

E como esquecer o dia do Matrix, quando os ficamos horas andando em circulos pelas ruas de Dublin 2 sem saber como ir para a O’Connell? Quando estávamos completamente perdidos, em uma esquina da Dame St., um caro brasileiro viu a gente se debatendo com o mapa e nos ofereceu ajuda. Assim como um senhor que eu não entendia nada… ou então em Paris a velhinha falando em francês comigo… são vários os exemplos neste caso!

E por que não ajudar para matar o tempo e alegrar a alma?

O cara que inventou o trabalho não sabia o monstro que ele estava criando, e que pra piorar se tornou um mal necessário. Sendo assim, nesta árdua tarefa de encontrar o tão almejado emprego de garçom, contar com os amigos é importante. Graças a indicação do Edu me tornei garçom em Punchestwon. Certamente, cedo ou tarde eu encontraria algo, mas ele foi mais umas pessoas especiais que fez parte da minha vida irlandesa e da minha carreira em catering. Além disso, nada melhor que um verdadeiro amigo para te dizer tudo que você não quer, mas precisa ouvir… Neste tópico a recíproca foi (e ainda é) verdadeira hehehe.

Aquela história de ajudar quem está chegando virou coisa séria né Mocotó? O fulano resolveu ajudar E-Dubliners que estavam chegando apenas pela alegria de ajudar. Pagava as passagens do bolso mesmo estando desempregado… E depois, quando todo mundo queria uma mãozinho, criou o Mocotour , mas não deixo de criar amigos e dava sempre a mão, o braço e muitas vezes o ombro. Mostrava os principais lugares, ajudava no PPS, oferecia almoços e até ajudou os novos viajantes a arrumar um lugar para morar, (ele alugou até a minha casa para novos viajantes quando eu estava de saída), e por que não virar amigo também dos novos moradores? O envolvimento proporcionado aos que deixavam a casa foi tanto que algumas das pessoas que moraram eu até fantasiei que conhecia…

Pra não dar ponto sem nó, como nos últimos dias eu não tinha casa, ele se privou da sua privacidade e me deu seu chão e um colchonete no seu quitinete (que dividia com a noiva) por alguns vários dias, inclusive o meu último!

E aquela nossas amigas corajosas? E não é que ela também tá na lista?

Bom, já adianto que não sou fã de feijoada, mas sabe comida da mãe? Casa da avó? E não estou falando da idade, pois elas poderiam sim ser minha mãe, estou falando do carinho com o qual elas preparavam o arroz, a feijoada e o cafézinho brasileiro… e acima de tudo nos recebiam e criavam o cliema! Pode parecer bobagem, ou fora do contexto, mas mais importante que fazer baladas brasileiras (coisa que não fiz) é suprir a carência que temos do nosso Brasil, do nosso jeito de viver e conhecer as pessoas… E a única lembrança que posso ter disso é o meu último fim de semana em Dublin, junto a elas e tantos outros e-dubliners. Isso é real, admiro a quem quer manter as coisas boas do Brasil sem deixar que isso seja uma vida brasileira no exterior e a morte do propósito do intercâmbio. Parabéns Rô e Lili!

E-Dubliners na Fejuca!

Muitas vezes quando estamos em nosso dia-a-dia acabamos olhando e ressaltando sempre o lado ruim das pessoas, mas o intercâmbio nos dá a possibilidade de acreditar no lado bom, pois se não acreditarmos nisso, podemos sentar e chorar sozinhos. Confiar nas pessoas não é fácil, confiar nas pessoas quando não se tem onde se escorar, é o básico da fé. Quando um ou outro disser que acredita em Deus, porém não acredita nas pessoas (sim, eu já ouvi isso), esta pessoa pode por o ponto final no seu intercâmbio.

Eu aprendi, mas talvez não pratique ainda 100% (a gente é burro, humano, erra demais, fazer o que?), que o importante da jornada é saber olhar o que e quem é especial e tentar ao máximo ser também especial quando possível. Mesmo que não te digam, tem sempre alguém esperando isso de você e no intercâmbio todo dia é dia de ser e encontrar alguém especial.

Edu Giansante

Fundador e CEO do edublin, Edu chegou na Irlanda em 2008, no ano pré-crise, pegou a nevasca de 2010 e comeu cérebro de cabra em Marrakesh. O Edu também é baterista da banda Irlandesa Medz.

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