O Aeroporto de Dublin abriga uma das maiores populações de lebres irlandesas (Lepus timidus hibernicus) do país. Estima-se que a densidade de animais no local seja até dez vezes maior do que a média nacional, chegando a 30 lebres por km², contra apenas 3,19 em outras regiões. Essa abundância, embora destaque a importância ecológica do espaço, representa também um risco crescente para a aviação.
O risco de colisão entre aeronaves e animais, conhecido como wildlife strike, preocupa autoridades internacionais de aviação. Só no caso das lebres, os chamados hare strikes vêm aumentando em média 14% ao ano, segundo relatório de 2022.
Nos últimos três anos, mais de 40 lebres foram mortas por aeronaves no aeroporto, de acordo com dados da DAA (Dublin Airport Authority). Embora o número seja pequeno frente à população local, cada colisão representa potencial ameaça à segurança de passageiros e tripulações.
As lebres dividem espaço com aves, responsáveis por incidentes ainda mais graves. Entre 2022 e 2024, o aeroporto registrou quase 300 colisões confirmadas com pássaros, apesar do investimento anual de cerca de €600 mil em medidas de dispersão.
Lebres no aeroporto de Dublin são risco à aviação. Foto: Envato
Para mitigar riscos, o aeroporto mantém um programa de captura e relocação, autorizado pelo National Parks and Wildlife Service (NPWS). Somente nos dois primeiros meses de 2025, 12 lebres foram capturadas e transferidas para áreas rurais em Wicklow e Kildare, em operações que custam em média €1.500 cada.
Além disso, o aeroporto adota medidas de manejo ambiental, como:
Uma pesquisa conduzida pela University College Cork (UCC) em 2019 revelou que mais de 650 lebres já haviam sido removidas do aeroporto e ao menos 191 morreram em colisões com aeronaves. Apesar disso, o estudo concluiu que o impacto na espécie é reduzido, já que a densidade dentro do aeroporto é excepcionalmente alta.
As lebres são atraídas pelos 700 hectares de pastagem sem uso de químicos que cercam as pistas. A mistura de gramíneas – Festuca arundinacea (festuca alta) e Lolium multiflorum (azevém italiano) – garante uma dieta variada e saudável, ideal para a espécie.
Mais do que um problema de segurança, as lebres fazem parte do imaginário cultural irlandês. Associadas à fertilidade, à lua e presentes em lendas célticas, elas são protegidas por lei, mas também podem ser caçadas sob licença em determinadas épocas do ano.
No Aeroporto de Dublin, sua presença inspirou até mesmo a criação de um mascote oficial: Dubby, a lebre que atua em ações de educação ambiental, engajamento com passageiros e programas em escolas locais.
Há cerca de 30 lebres por metro quadrado no aeroporto de Dublin. Foto: Envato
Enquanto autoridades investem em monitoramento e novas tecnologias para reduzir riscos, especialistas reconhecem a singularidade da situação: um aeroporto internacional que, ao mesmo tempo em que conecta milhões de passageiros ao mundo, também se tornou um refúgio inesperado para o mamífero mais antigo da Irlanda, presente desde a Idade do Gelo.
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