Mr. Gay Irlanda: brasileiro narra sua trajetória na Ilha

Mr. Gay Irlanda: brasileiro narra sua trajetória na Ilha

Rubinho Vitti

3 anos atrás

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O paulistano Guilherme Souza, de 26 anos, saiu do Brasil para estudar inglês na Irlanda há cinco anos, mas jamais imaginou que sua vida mudaria da água para o vinho. O que era para ser um ano de experiência no exterior já chega a quase uma década e segue contando. Em 2018, porém, uma surpresa aconteceu na vida de Guilherme.

Ele foi o vencedor do Mr. Gay Ireland, o que o levou a participar do Mr. Gay Europa, na Polônia, onde ficou entre os cinco melhores. Na sequência, viajou para a África do Sul, na seleção do Mr. Gay Mundo, onde figurou entre os dez primeiros colocados.

Em entrevista ao E-Dublin, Guilherme conta sobre os desafios de mudar para a Irlanda, conhecer diferentes lugares, pessoas e como participar de concurso de beleza do universo LGBT o transformou em um ativista do movimento.

Guilherme viajou para a Irlanda com o intuito de estudar inglês e não esperava se tornar o Mr. Gay Ireland 2018. Foto: Reprodução/Instagram/@iamguill

Como foi sua vinda para a Irlanda?

Antes de vir para a Irlanda, eu estava no meu penúltimo semestre da faculdade de administração, estagiando na área, mas não tinha o domínio do inglês, que era imprescindível para eu conseguir crescer na profissão (como em tantas outras).

Minha decisão sobre Dublin não foi planejada. Eu decidi que era hora de sair da zona de conforto e arriscar algo maior. Foi quando decidi ir a uma agência de intercâmbio e ver quais eram as opções disponíveis.

Meu sonho era New York, mas não era tão acessível e mega burocrático. Pensei em Londres, mas iria custar um rim e sem permissão de trabalho. Foi quando me sugeriram Dublin como destino.

No início, eu estava um pouco indeciso, mas depois de muita pesquisa (e muitos vídeos do E-dublin), eu, finalmente, decidi o meu destino e fechei o meu intercâmbio. Tranquei minha faculdade no último semestre, pedi demissão do meu emprego e vim.

Como surgiu a ideia de participar do Mr. Gay Irlanda?

Eu nunca tive a ambição de virar Mister, apesar de ser irmão de uma rainha de bateria no Brasil e ter crescido observando essas competições.

Eu já vinha trabalhando como modelo aqui na Ilha. Meu primeiro emprego oficial aqui foi como floor model na Abercrombie&Fitch (o primeiro foi como entregador de jornal). Uma coisa foi levando a outra: uma companhia aqui e ali, acabei trabalhando para famosa (e finada) The Wrigth Venue, onde atuei como head host por dois incríveis anos.

Foi lá que a ideia de competir ao título Irlandês surgiu. A minha chefe me ofereceu o posto de Mr. Wrigth Venue, que me qualificaria para competir no Mr. Gay Irlanda. As coisas foram acontecendo, e, em 2018, eu conquistei o título como Mr. Gay Ireland.

Você é Mr. Gay Irlanda 2018 e ficou entre os cinco primeiros do Mr. Gay Europa. Como foi essa sua participação?

Eu tive apenas três semanas para me preparar para o Mr. Gay Europa, entre a conquista da coroa irlandesa e o embarque para a Polônia, onde a competição aconteceu. Foi uma experiência única. Foi quando me descobri um ativista, abri a minha mente para muitas coisas e me coloquei, mais uma vez, fora da minha zona de conforto.

A competição é pesada, há muitos desafios diferentes e não dá pra se preparar para esse tipo de coisa. Acabei no Top 5 e com amigos para uma vida toda.

E então você seguiu para o Mr. Gay Mundo, a competição internacional?

O Mr. Gay Mundo foi um pouco diferente. Eu já estava como Mr. Gay Irlanda há um bom tempo, trabalhando na GCN (Gay Community News) e me sentia muito mais preparado para a competição que estava por vir. No caso, foi a maior de todas!

Dessa vez, foi na África do Sul, na Cidade do Cabo. Novamente, uma experiência incrível, muitos desafios e muita pressão, mas nada que eu não esperasse. Fiz amigos do mundo todo, aprendi muito sobre as diferentes culturas e as dificuldades que eles passavam em seus países por serem gays.

Sinto-me muito grato por ter essa oportunidade. Eu vivi cada minuto e saí de lá, dessa vez, no Top 10, e também com o award de “rosto mais bonito” da competição, o que, no caso, me deixou bem feliz. Afinal, é uma competição mundial!

Figurino de St. Patrick utilizado na seleção do Mr. Gay Ireland. Foto: Reprodução/Instagram/@iamguill

Você também fez parte da equipe de redatores da GCN, a principal revista LGBTQ da Irlanda. Como foi participar dessa publicação?

As coisas aconteceram meio que do nada. Uma amiga da faculdade me mandou o AD deles no LinkedIn, eu vi a vaga de jornalista, vários requerimentos referentes à escrita de artigos. Eu não tinha a experiência, mas eu tenho a cara de pau de aplicar mesmo assim. Uma semana depois, eu fui entrevistado, e o que eu achei que tinha sido terrível foi totalmente o contrário. Dois dias depois, me ligaram oferecendo a vaga.

Eu cresci muito! Não só na profissão, mas como pessoa. A GCN vem fazendo um trabalho social na Irlanda há mais de 30 anos, é a mais antiga publicação LGBT+ da Europa. O trabalho é lindo, conscientização e educação da população quanto ao universo LGBT+. Foi uma peça incrível do destino me tornar o Mr. Gay Irlanda e, ao mesmo tempo, trabalhar para a comunidade. Isso, de fato, me fez entender a comunidade que eu represento. Tive a oportunidade de ter diversos artigos publicados, o que para um, até então, não nativo da língua inglesa, foi uma conquista muito saborosa.

Qual a importância de existir um concurso como esse? O que você pôde levar de melhor de você nesse concurso?

Ao contrário do que muitos pensam, os concursos de Mr./Miss vão muito além de um concurso de beleza. O trabalho e o engajamento social são muito importantes. A partir do momento em que você ganha um título nacional, você tem uma responsabilidade enorme de ouvir a sua comunidade e tentar melhorá-la no que puder.

É um desafio gigante. O processo de seleção vai desde exames escritos, votos nas redes sociais, apresentação de projeto social, traje de banho, fantasia nacional. Há muitos critérios para escolher o vencedor, mas, no final das contas, todo mundo sai ganhando.

A experiência é incrível. Tive a oportunidade de ver outras partes do mundo, de conhecer muitas pessoas, de levar a minha mensagem e, mais importante, foi um desafio para mim mesmo, de perceber que eu tinha forças para superar qualquer desafio que aparecesse no meu caminho com um sorriso no rosto (literalmente).

Guilherme, durante a participação no Mr. Gay Mundo, na África do Sul. Foto: Reprodução/Instagram/@iamguill

O que mudou na sua vida?

Hoje eu sou um ativista, trabalho num lugar que eu adoro e amo o que eu faço! Tive a oportunidade de conhecer pessoas incríveis e superar muitos desafios para os quais, antes, achava que não era bom o suficiente. Eu nunca vou esquecer essa experiência. Definitivamente, mudou a minha visão de mundo e de como eu me relaciono com as pessoas ao meu redor e online. Sou grato por tudo e muito feliz por ter feito a minha comunidade (brasileira e irlandesa) orgulhosa. Eu, literalmente, vivi a minha fantasia e fiz o que tive vontade de fazer.

(publicação original em junho/2019)

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Rubinho Vitti, Jornalista de Piracicaba, SP, vive em Dublin desde outubro de 2017. Foi editor e repórter nas áreas de cultura e entretenimento. Também é músico, canceriano e apaixonado por arte e cultura pop.

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