O intercâmbio me ensinou que a saudade é um sentimento bom

Essa vontade de morar fora do Brasil, de certa forma, existe dentro de muitos de nós. Aí, um dia, a oportunidade bata à porta, e você, sem refletir muito nem pedir opinião, resolve embarcar nessa e ir morar em outro país.

A empolgação e felicidade, depois da decisão de partir, surgem como um turbilhão. Entre comunicar sobre a viagem aos que o cercam e as festas de despedidas, churrascos e mais um milhão de coisas que acontecem ao mesmo tempo, vai surgindo aquele medo de tudo, do novo, do incerto. Mas, ao mesmo tempo, aquela vontade louca de mergulhar de cabeça nessa aventura quase que sem volta — logo você perceberá que nunca mais será o mesmo.

Chega a semana da viagem, e você começa a sentir um negócio diferente. Não é tristeza, pois você está feliz com a viagem; não é insegurança, pois você pesquisou tudo sobre o país, se organizou e está tudo em ordem; não é ansiedade, pois seus dias estão tão corridos com a organização que quase não dá nem tempo de ficar ansioso. Mas esse sentimento continua lá e se fará presente durante todo o intercâmbio. Algumas vezes de forma intensa, outras nem tanto assim.

Quando chegamos ao nosso destino, principalmente nos primeiros dias, vai batendo aquela saudade. Crédito: Shutterstock

Foi já do lado de cá que eu descobri que aquela agonia boa — às vezes perturbadora — era a tal da SAUDADE. Sim, você vai sentir saudade daquilo que ainda nem deixou.

Ao chegar aqui, principalmente nos primeiros dias, com tantas novidades, vai batendo aquela saudade da família, dos amigos, do papagaio e, até, daquela vizinha em que você esbarrava todos os dias no caminho do trabalho.

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Daí você faz novos amigos: amigos que falam a mesma língua, outros que falam uma língua que você mal entende. E ela, a SAUDADE, vai se aquietando. Mas, quando você menos espera, ela volta para lembrar os sabores, os cheiros, o paladar brasileiro, aquele doce de leite cremoso que você nem em sonho verá por aqui. Frutas suculentas, nossa comida bem temperada e a variedade de vegetais que temos em fartura em nosso país.

Mas essa saudade louca de tudo isso faz você descobrir o mercado do polonês, as lojas dos indianos e tudo e qualquer possibilidade que permita se aproximar dos sabores que ficaram para trás. Mas é assim que você também descobre novos sabores. Vira fã dos restaurantes indianos, árabes e de tantas outras nacionalidades. E dessa forma, mais uma vez, a SAUDADE vai dando lugar às novas descobertas, sem você perceber.

Nos dias mais difíceis, molhados, chuvosos e escuros, típicos da nossa querida Irlanda, a SAUDADE voltará a cutucar. Aí vai surgindo aquela vontade louca de dias ensolarados, com menos vento, com menos chuva, aqueles dias que marcam 25°C… como seria ótimo! Mas você também descobre que um pulinho na Itália, na Espanha ou, mesmo, em Portugal, ainda que por poucos dias, vai renovar a carência de vitamina D, assim como a energia boa de um dia de sol.

Sabe aqueles serviços de que você reclamava no Brasil? Acredite, até eles passarão pelo crivo da nossa companheira SAUDADE. Aquele garçom gente boa do bar aonde você sempre ia, o rápido entregador de pizza do bairro, um bom corte de cabelo, uma manicure decente, o pastel daquele feirante no domingo…

O fato é que a SAUDADE está presente o tempo todo quando não estamos mais em casa. Seja nos momentos felizes, seja nos tristes, ela sempre dará um jeitinho de não passar despercebida. Mas, o que eu também tenho aprendido nesse processo todo e sobre essa companheira que volta e meia dá as caras é que a SAUDADE é um sentimento bom.

Ela nos faz lembrar do que é importante de verdade na vida. Das coisas simples, das pessoas… de ser grata, de recordar com carinho do que você já superou e abraçar o desconhecido. E tudo isso é bom. Porque, como eu disse lá em cima, esse é um caminho sem volta. Quando você estiver do lado de lá, ela, a SAUDADE, vai fazer você lembrar de cada história, de cada momentos e dos desafios que você encarou do lado de cá.

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