Decidir deixar o emprego estável aos 30 anos para encarar um intercâmbio não foi o principal desafio enfrentado pela jornalista Caroline Rodrigues. Desde que tomou a decisão e fechou o pacote de intercâmbio para a Irlanda, ela tem convivido com uma enxurrada de críticas sobre a sua decisão de se aventurar no intercâmbio depois dos 30 anos. Em resposta, a jovem decidiu responder francamente a cada uma das insistentes perguntas e afirmações que tem escutado de conhecidos, amigos e até familiares.

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“Você não tem mais idade para isso!”, “Isto não é coisa de adolescente?”, “Não acredito que irá deixar o emprego em época de crise”, “Você não conseguirá se adaptar”, “Você vai sair daqui para lavar pratos no exterior?”, “Será discriminada porque eles não gostam de estrangeiros” – Essas foram algumas das coisas que ouvi quando tomei minha decisão de partir para um intercâmbio.

Não vou dizer que a opinião dos outros não me abalou, mas decidi pensar por mim e executar a primeira ação do “Projeto Intercâmbio”: a confecção do passaporte. Depois de pagar os R$ 257,25 na Polícia Federal e retirar o documento, o colei no meu mural e todo dia olhava fixamente para aquele caderninho que iria receber o primeiro carimbo internacional.

Ao iniciar o processo de busca por uma agência e captação de recursos, mentalizava os questionamentos feitos pelos amigos, conhecidos e familiares. Logo em seguida, os respondia para mim mesma. Por fim, posso dizer que fui convencida e embarco no dia 25 de agosto para a tão sonhada viagem internacional. E, para ajudar as pessoas que também passaram dos 30 e enfrentam a mesma dúvida, escreverei aqui alguns argumentos que considerei decisivos.

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A idade está na sua cabeça

Em primeiro lugar, não há idade para viver e, até onde eu sei, Highlander existe apenas nos filmes. Sendo assim, não é porque não tive a oportunidade quando era adolescente, devido a recursos financeiros, que vou me privar da experiência agora. Outra coisa, os cursos de inglês locais não são suficientes para dominar a língua estrangeira e com o tempo nos deixam frustrados. Quero colocar no meu currículo que tenho inglês fluente e isto só é possível vivendo no exterior, com a imersão em outra cultura.

E com relação à crise?

Desde que me entendo por gente, passei por várias situações econômicas difíceis no Brasil. Lembro claramente da inflação galopante entre os anos de 1990 e 1999, quando a variação inflacionária anual chegou a subir 499,2%. Na época, até comida era estocada devido à alta súbita dos preços. Então, está não será a mais dura e nem a última crise enfrentada no país.

Sim, vou abandonar o meu emprego

Sair de um emprego considerado razoável também não é o fim do mundo. Como o país está em situação difícil, nenhum emprego, a não ser o público, garante estabilidade para ninguém. E o principal de tudo: nenhum trabalho pode estar acima dos seus sonhos – ele deve é te dar condições para realizá-los!

Sobre lavar pratos no exterior?

Sei ainda que no exterior as possibilidades de trabalho serão mais limitadas ou modestas, mas eu já fiz muitas coisas modestas aqui também. Como analista de comunicação, limpei chão e lavei louça em evento de gastronomia, porque os contratados para o serviço estavam demorando e a programação não podia ter falhas. Pisei na lama, enfrentei lugares perigosos – entre outras coisas – atrás de informações para matérias jornalísticas, ou seja, não tenho medo de trabalho nenhum e nem vergonha de executá-lo em prol de meu objetivo maior: ampliar minhas fronteiras.

Você será discriminada por ser estrangeira

Para fechar este texto, a discriminação acontece em nosso próprio país e precisamos aprender a enfrentar os obstáculos. Com a certeza de que tudo pode acontecer, estou concluindo meus últimos preparativos para chegar à Irlanda de peito aberto e pronta para os novos desafios. Nunca me senti tão livre e isto às vezes assusta. Ainda tenho medo, mas não sou covarde. Que venham os desafios. Seja o que Deus Quiser!

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Caroline Rodrigues

Formada em Jornalismo na Universidade Federal de Mato Grosso. Trabalhava em Cuiabá, onde perambulou por vários veículos de comunicação e assessorias de imprensa. Depois de tomar um café e conversar com amigos, achou que estava engaiolada e resolveu encarar um intercâmbio depois dos 30.

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