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Conte sua história: Quando o desemprego bateu à minha porta

Oi eu sou a Ávany hahahhaaa, com se ninguém soubesse! Estou na Irlanda há algun anos e Thanks God, posso dizer que foram se não os melhores, momentos incríveis, inesquecíveis e que certamente fará muita diferença na minha história.

Vida de AuPair. Foto: pasja1000|Pixabay.

Estava tudo lindo até novembro, quando ele, o tão temido desemprego bateu à minha porta. Não posso dizer que foi por causa da recessão, porque na verdade nem foi. A história foi assim, morei por um ano e meio no oeste irlandês, em Co. Clare, muito mais calmo que Dublin, aliás, nem dá para comparar. Fui muito feliz lá e trabalhei com a mesma família desde que pisei em solo verde. O problema é que Ennis, ficou muito pequena para mim, ou melhor, para os meus projetos. Então disse bye bye para minha irish family e mudei-me para Dublin.

Mas então, em menos de duas semanas fui dispensada da nova family, pois a bênção da baby não foi muito com a minha cara. Bom, e agora? Quem é aupair sabe, que uma das vantagens é justamente ter acomodação free, mas se você perde o emprego, adivinha? Fica sem teto…E assim estava eu, sem teto, sem trampo e com cinco malas para carregar (porque sou uma pessoa que gosta de comprar).

Foi a primeira vez na Irlanda que pensei, “poxa, e agora”? Como eu tinha mudado a pouco tempo não conhecia tanta gente assim, e nessas horas, você percebe que fazer parte das turminhas de brazucas faz uma baita diferença.

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Bom, pensei, repensei, não cheguei a me desesperar, mas fiquei muito insegura com a situação. Optei por me mudar para um hostel. Me dei um prazo de dois meses e se nada acontecesse, voltaria para o Brasil.

Concentrei minha busca por emprego na net. Não posso dizer se é a melhor forma, mas foi a que eu escolhi. Passava horas nos sites e agências de emprego. Comigo não funcionou muito. Dos 500 CVs que mandei só fui chamada para uma entrevista. E dessa, nunca obtive nenhuma resposta.

Quantos currículos madar? Foto: geralt|Pixabay.

Ai eu confirmei que o quem indica aqui na Irlanda é fortíssimo, e network algo que você precisa manter sempre vivo. Numa dessas, no boca boca, falando para Deus e o mundo que estava sem trabalho, encontrei a Nathalia, que conhecia a Jackie e que tinha três vagas para aupair.

Lá vou eu atrás da Jackie. Aliás, para as meninas fica a dica. Participem das comunidades de aupair, conheça as aupair daqui, pois, no fim das contas, as melhores vagas rola por indicação. Sites como aupairworld e outros, demoram um pouco mais para se obter um retorno da família, então, lembre-se, a união faz a força, e uma aupair indica a outra (rs).

Bom, a Jackie realmente tinha as vagas, mas nada para já. Mas acabei indo cobrí-la por quatro dias e  quando ela decidiu sair do emprego eles me contrataram.

Nas semanas de desemprego fiquei em hostel, na sala de uma amiga, uns dias na casa do bofe e me jogando nas ofertas do Tesco. Porque economizar é tudo quando se está sem trabalho.

Da medo. Dá e muito, principalmente quando se acompanha tão de perto as notícias do cotidiano, os números, as estatísticas e toda essa história de falência Irlandesa. No meu caso o network foi muito importante.

No final acabei tendo que escolher entre dois trabalhos. Se for contar ao pé da letra, fiquei apenas três semanas desempregada.

O que eu aprendi? Nunca diga nunca…eu disse alguns nuncas quando vim para a Irlanda. Um deles é que não moraria com brasileiro, não por arrogância ou coisa do gênero, mas por querer estar 100% imersa na cultura, alias, também por esse motivo, optei pelo trabalho voluntário ou qualquer outro live in. Nesses anos já trabalhei para o Brothers of Charity, para o Enable Ireland, num haras e como aupair.

Nos meus dias de desempregada, passei momentos incríveis o apê. de minha amiga Paula que mora com mais cinco brazucas. Não tem jeito, não dá nem tempo de ficar deprimido com tanta gente divertida por perto. Foi também dos brazucas que surgiram as chances de trabalho então, sabe aquele discurso que a gente escuta muito por ai? Quero escola A ou B porque tem menos brasileiros? Se eu fosse você deixava esse discurso de lado, porque no final das contas, a galera se ajuda muito por aqui.

Bateu o desespero?  Sim, claro que bateu. O cenário aqui não é dos melhores e não é nada engraçado virar estatística. No meu caso, tinha minhas economias guardadas, aliás, dinheiro que trouxe do Brasil e nunca usei. Logo nos primeiros dias sem trampo e sem teto, pensei: meu prazo é final de janeiro. Posso usar minha grana para pagar o hostel, alimentação, transporte, mas se nada acontecer até lá. Brazil lá vou eu.

Com o desemprego, vem o desespero. Foto: Counselling|Pixabay.

No final deu tudo certo, sem dramas, sem tragédias, algumas angustias claro. Morar num hostel tem suas vantagens, a galera interage bastante, o café da manhã é  gratis e a internet também, mas não é um lugar onde se deseja morar por semanas. Vai dando aquela falta de tudo.

Bom essa é minha história. Do período em que virei estatística. Agradeço a todas as pessoas que estiveram comigo nesse período, a preocupação, os contatos, as ligações. Paulinha amiga, você foi incrível.

Ávany França

Jornalista por profissão, já passou por editorias de moda, gastronomia, história e turismo. Uma vida sem desafios não foi desenhada para essa baiana de Salvador. Amante das viagens, coleciona mais de 80 destinos no passaporte. Quer saber mais? Corre porque até você terminar de ler esse perfil já terei alguma novidade.

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