Vale investir na área de gastronomia na Irlanda?
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Diferentemente de países como França, Espanha, Itália, entre outros, cuja cozinha é respeitada mundialmente, a Irlanda não é reconhecida pela sua gastronomia. Porém, esse fator não tem impedido o recente boom no setor de restaurantes do país, que tem resultado na abertura de novos estabelecimentos.
Como consequência, a área de gastronomia parece estar bem promissora por aqui. Tanto que, de acordo com a Associação dos Restaurantes da Irlanda (RAI), oito mil vagas de chefs devem ser abertas em todo o país esse ano.
E a boa notícia é que, não europeus poderão entrar no mercado de trabalho gastronômico com direito a visto de trabalho.
A associação destaca que a Irlanda vem passando por uma crise devido à falta de profissionais qualificados nessa área. Isso tem feito com que restaurantes em diversas cidades tenham que fechar durante a semana por falta de staff. Como solução, a curto prazo, a associação tem buscado realizar parcerias com escolas de gastronomia ao redor do mundo, com o intuito de atrair novos profissionais.
Brasileiros na área
Nós já postamos aqui no E-Dublin a história de dois brasileiros que se tornaram chefs de cozinha na Irlanda. E hoje nós vamos mostrar o ponto de vista de alguns dos nossos conterrâneos que atualmente trabalham nessa área em Dublin.
Thaís Sampaio
Formada em gastronomia no Brasil, Thaís veio para a Irlanda com o objetivo de obter mais experiência na área. “Meu intuito é trabalhar no maior número de restaurantes possíveis, pois cada cozinha tem uma forma diferente de trabalho. Eu queria ter uma experiência internacional, entender melhor a cultura gastronômica local e da Europa.
Essa é uma área com forte potencial no mundo todo, é muito difícil você encontrar chefs de cozinha sem emprego por muito tempo. No começo deste ano eu troquei de emprego e foi fácil encontrar outro. Na Irlanda, eu acredito que seja a área mais fácil para os brasileiros. Às vezes você começa como Kitchen Porter, mas em pouco tempo pode subir para a cozinha e aprender. Aqui na Irlanda eles dão inúmeras oportunidades de crescimento para o funcionário. Conheço muitas pessoas que começaram sem ter nenhuma experiência e hoje são excelentes chefs. Eu já tive a oportunidade de treinar um kitchen porter para trabalhar ao meu lado.
Para trabalhar como chef, eu acredito que vontade e determinação são fundamentais, pois esse não é um trabalho tão simples. Para essas vagas normalmente não é cobrado inglês fluente, o que claramente é uma vantagem. Um pouco de experiência também é muito bem vinda, pois a primeira colocação é um pouco mais difícil, já que a maioria dos restaurantes pede experiência local. Mas depois de entrar no mercado, várias outras oportunidades surgem. A minha dica é: Se joguem! A Irlanda pode trazer ótimas oportunidades de crescimento. E o mais importante: não faça um currículo mentiroso, aqui eles valorizam muito a verdade e se no início do trabalho a pessoa responsável perceber isso, a confiança abala e isso pode acabar influenciando em outras oportunidades, já que aqui a carta de recomendação é muito bem vista.”
Mariana Sanchez
“Como sou da área, assim que cheguei fui procurar empregos em restaurantes e hotéis e acabei dando muita sorte de conseguir no primeiro que entreguei meu currículo. Aqui é um lugar onde sempre estão procurando chefs. Ter experiência, trabalhar rápido, inglês intermediário e conhecimento de palavras do cotidiano de cozinha são importantes. Além de muita força de vontade e amar o que faz, já que aqui é trabalho durante longas horas em um ambiente muito quente, e às vezes bem apertado.”
Lucas Meyer
“Vim para a Irlanda com a ideia de trabalhar nessa área, visto que já exercia essa profissão no Brasil. Assim que tirei meu cartão de residência, saí de porta em porta distribuindo currículos e mandei alguns pela internet. Fiz algumas entrevistas e trials e comecei na semana seguinte.
Essa é uma área que está precisando de muita gente e oferece salários melhores do que no Brasil. Os requisitos para trabalhar como chef incluem: experiência na área, domínio de técnicas culinárias em geral e ter um inglês num nível avançado o suficiente pra poder se comunicar com pessoas de outras nacionalidades e conseguir nomear ingredientes. Em geral, ter horários flexíveis também seria algo essencial.
Minha dica para quem quer ser chef é pensar bem se quer seguir na área, pois é muito comum ter gente que desiste devido aos horários de trabalho ou à pressão envolvida. Se estiver decidido, siga em frente e desfrute dos benefícios de seguir uma carreira cansativa, mas tão saborosa.”
Priscila Zonaro
“Gastronomia sempre foi a minha grande paixão. Eu era consultora de otimização de processos para automobilísticas no Brasil. Eu e meu marido resolvemos mudar de vida e viemos para Dublin. Quando chegamos aqui resolvi que só iria entregar currículos em restaurantes e seguir a minha grande paixão.
Comecei a vida aqui como garçonete. Meu inglês melhorou e consegui um emprego num restaurante muito tradicional e bem conceituado em Dublin. Lá, coloquei na cabeça do dono e do Head Chef que eu ia trabalhar na cozinha. Não tinha formação e nem experiência, então comecei a levar doces e a fazer o jantar dos funcionários. Quando a chef responsável pelas sobremesas conseguiu um novo emprego, me deram a chance que eu tanto queria. Fui a pastry chef responsável por quase 2 anos. Engravidei, e quando ia voltar da licença maternidade resolvemos abrir oficialmente a empresa. Hoje estamos super estabelecidos, ministramos workshops em escolas e introduzimos um novo jeito de fazer festa no mercado irlandês.
Para ser chef na Irlanda, você precisa das certificações de saúde e segurança que são exigidas em diferentes níveis, de acordo com os cargos dentro da cozinha. Eu entrei na cozinha sem experiência e sem curso relacionado, portanto, acredito que boa vontade, paixão e trabalhar pesado são os pontos chave necessários.”
Cursos
Nós já falamos aqui sobre uma série de cursos voltados para quem quer estudar gastronomia na Irlanda. Infelizmente, o custo de um curso de graduação na área para quem não possui passaporte europeu pode ser bem salgado, com taxas anuais que ultrapassam 12 mil euros.
Entretanto, o ponto positivo é que é possível fazer cursos rápidos ou especializações por preços bem mais em conta. A School of Food, por exemplo, possui um programa específico para treinamento de chefs que tem duração de 34 semanas e custa 900 euros, sendo que há bolsas de estudo disponíveis.
Também há opções de cursos rápidos voltados para áreas específicas, como saladas, massas, etc, na Dublin Cookery School e na Cooks Academy.
Revisado por Tarcísio Junior
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