Galeria de Dublin permanecerá fechada por três anos para reforma e modernização

A Galeria Hugh Lane, uma das instituições culturais mais significativas de Dublin, será fechada ao público a partir de 28 de setembro para viabilizar uma reforma estrutural e tecnológica

A intervenção deve durar ao menos três anos, período em que a coleção será retirada e preservada com rigor técnico.

O fechamento faz parte de um plano mais amplo para transformar o Parnell Square North em um polo cultural integrado, unindo arte e literatura. A reforma contempla também a construção de uma nova biblioteca municipal que será conectada diretamente à galeria, criando um percurso cultural unificado.

Na Galeria Hugh Lane, será modernizada a ala construída nos anos 1930 para atender aos padrões contemporâneos de museus em segurança, controle ambiental e conservação de acervos.

O objetivo é garantir a longevidade da coleção e permitir que a galeria atraia obras internacionais para exposições temporárias.

Como ficará a operação durante a reforma

Hugh Lane Gallery permanecerá fechada por três anos para reforma. Fotos: Divulgação/hughlane.ie

Todo o acervo será cuidadosamente embalado e armazenado conforme padrões museológicos.

Algumas obras mais prestigiadas serão emprestadas à National Gallery of Ireland.

O ateliê de Francis Bacon, peça de destaque permanente da galeria, permanecerá no local e receberá proteção especial durante o período de fechamento.

Os 40 funcionários permanentes da galeria manterão seus cargos. Durante a reforma, parte da equipe será realocada para outras funções relacionadas à conservação, segurança, projetos externos e educação artística.

Programas educativos e de extensão cultural continuarão em outros locais da cidade enquanto a galeria estiver inativa.

A Hugh Lane — oficialmente Dublin City Gallery The Hugh Lane — possui um legado rico. Inaugurada em 1908, a galeria foi idealizada por Sir Hugh Percy Lane, importante colecionador e promotor das artes na Irlanda.

Sua sede atual fica na Charlemont House, uma mansão georgiana erguida em meados do século XVIII por Sir William Chambers. Desde 1933, a galeria ocupa esse edifício no Parnell Square North.

Uma parte emblemática de sua coleção é o Lane Bequest, composto por 39 pinturas que Sir Hugh Lane destinou ao acervo da galeria. Metade dessas obras permanece sob custódia da National Gallery de Londres, em regime de empréstimo periódico.

Desafios e expectativas

O fechamento de uma galeria tão central para Dublin é um golpe momentâneo para a cena cultural local. Muitos visitantes e pesquisadores perderão acesso direto às obras até o término da intervenção.

No entanto, a reforma também representa uma oportunidade de revitalização: ao atualizar instalações, reforçar segurança e conectividade com a nova biblioteca, projeta-se um espaço mais moderno e atrativo para públicos futuros.

A fase de lançamento de editais para obras já começou. Por exemplo, a Prefeitura de Dublin abriu licitações para restaurar fachadas dos números 23 a 28 de Parnell Square North, sendo que o número 26 será integralmente adaptado para uso público da nova biblioteca.

O que ver antes do fechamento

Galeria possui vasto acervo principalmente de obras de pintores irlandeses. Foto: Divulgação/hughlane.ie

Até o fechamento em 28 de setembro de 2025, a galeria seguirá com exibições e seu acervo permanente acessível.

Obras de destaque na Hugh Lane Gallery

• Édouard Manet – Music in the Tuileries Gardens
• Claude Monet – Lavacourt under Snow
• Edgar Degas – Beach Scene
• Berthe Morisot – Jour d’Été (Summer’s Day)
• Eva Gonzalès – Nanny and Child

Arte irlandesa

• Jack B. Yeats – obras como The Liffey Swim e The Outsider (Yeats é considerado um dos maiores pintores irlandeses do século XX).
• Sean Keating – retratos e cenas ligadas ao renascimento cultural irlandês.
• Harry Clarke – vitrais e desenhos (incluindo a famosa Stained Glass Room).
• Francis Bacon – Estúdio do artista (reconstruído fielmente na galeria, com mais de 7.000 itens do ateliê original de Londres, transportados peça por peça).

Obras internacionais de destaque

• Auguste Rodin – The Kiss (escultura em bronze)
• Amedeo Modigliani – Retratos e nus femininos (em exposições temporárias ao longo dos anos).
• Antonio Mancini – The Little Beggar

Coleção contemporânea

• Instalações e vídeos de artistas irlandeses e internacionais como Willie Doherty, Yinka Shonibare e Brian O’Doherty.
• Daphne Wright – Primate (uma das aquisições mais recentes, em 2025).
• Obras em vitrais e artes decorativas
• A Sala de Vitral (Stained Glass Room) com peças raras, incluindo Eve of St. Agnes, de Harry Clarke.