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Brasileiro narra rotina durante quarentena em hotel na Irlanda

Os primeiros passageiros que chegaram à Irlanda e foram obrigados a fazer quarentena obrigatória em hotéis já estão hospedados. O novo sistema entrou na madrugada de sexta-feira, 26 de março. Eles foram levados ao Crowne Plaza, hotel localizado no Aeroporto de Dublin e um dos que constam na lista de locais permitidos para viajantes cumprirem as medidas.

Entre os passageiros estava Lucas Bogucheski dos Santos, 26, natural de Apiai, município da região do Vale do Ribeira, em São Paulo. Engenheiro mecânico, Lucas conseguiu visto de trabalho por sua profissão ser considerada “critical skills” e conseguiu embarcar para a Irlanda.

Ele contou para o E-Dublin como foi todo o processo desde a saída do Brasil até a chegada ao quarto do hotel, onde está hospedado no momento, em Dublin.

Leia também: Governo irlandês confirma quarentena em hotéis 

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Recepção tranquila e escolta pelo exército irlandês

Lucas está confinado em quarto de hotel em Dublin após chegar à Irlanda na madrugada de sexta-feira. Foto: Acervo pessoal

Lucas contou que começou sua viagem à Irlanda pelo Aeroporto de Guarulhos. Fez o exame PCR e o antígeno (por precaução). Além dos exames obrigatórios, ele apresentou o visto emergencial, passaporte, reserva em hotel e o “locator form” linkado com a reserva.

“Nos pontos de parada, onde eles pedem as documentações, eles foram bem tranquilos comigo. Deu tudo certo, tanto no Brasil como na França (onde houve a escala)”, disse.

Chegando na Irlanda, Lucas precisou esperar no avião e depois foi recebido por um oficial de imigração que o acompanhou até uma sala, onde foi feita uma triagem.

“Foram bem solícitos e atenciosos com todas as perguntas que eu fiz. Apenas na parte da mala eles estavam um pouco perdidos sobre como fazer. Demoraram um pouco para pegar minha bagagem”, disse.

Na sequência, Lucas foi recebido pelo exército irlandês, que anunciaram que fariam a escolta até o hotel, indicando para ele sair pela porta e seguir até um ônibus. “Nesse caminho tinham soldados perto da porta assegurando que a pessoa iria direto para o ônibus”.

Leia também: Perguntas e respostas sobre a quarentena em hotéis na Irlanda

Hotel disponibiliza recepção com um funcionário para cada passageiro

Crowne Plaza é um dos hoteis listados para a quarentena obrigatória em hotéis na Irlanda. Foto: Divulgação

Na chegada ao hotel, funcionários estavam esperando. Cada um deles cuida de um passageiro por vez. “Preenchi um monte de papelada”, disse Lucas, ressaltando que entre eles estava um menu com três opções de refeições que você pode escolher todos os dias. Lucas elencou algumas outras regras que foram passadas para ele:

“Sobre a limpeza do quarto, eu tenho que ter meu quarto limpo e organizado. Ninguém vai entrar aqui. O lixo eu tenho que deixar do lado de fora em um horário determinado. Assim como a lavagem de roupas. Se não me engano eu tenho direito a duas lavagens”, disse Lucas

Durante os dois primeiros dias, Lucas precisará ficar estritamente no quarto, sem contato com ninguém. Após o período, será feito um exame de PCR. Testando negativo, ele, então, poderá agendar saídas do quarto para áreas livres do hotel.

“Tenho que agendar 24 horas antes. Vai ter um staff do hotel que vai ficar me acompanhando. Estarei sendo vigiado, o tempo todo, como se fosse um regime de prisão mesmo (risos)”.

‘Ficar preso em um quarto não está sendo um problema para mim’

Lucas recebeu um visto emergencial após conseguir um ‘work permit’ na Irlanda. Foto: acervo pessoal

Lucas disse estar tranquilo com todas as regras. Ele disse que vai aproveitar o momento para ler livros, ver filmes, estudar e trabalhar, já que a empresa que o contratou está atuando como home-office e ele já tem trabalhos para fazer. “Por isso, ficar preso em um quarto não está sendo um problema para mim”, disse.

Como Lucas entrou na Irlanda ‘sem visto’?

Lucas morou na Irlanda como estudante em 2018 e acabou voltando para o Brasil. Alguns meses depois, a empresa que ele trabalhava o chamou para voltar com visto de trabalho (“critical skills”). Nesse meio tempo, porém, veio o lockdown na Irlanda e Lucas acabou ficando sem opções de voltar, já que o país não está aceitando brasileiros sem residência — IRP (Irish Residence Permit).

Com a proposta da empresa e o “work permit” (permissão de trabalho), Lucas acabou entrando em contato com a Embaixada da Irlanda no Brasil e conseguiu um visto emergencial para conseguir voltar para o país. Ele disse que a Embaixada foi muito solícita e retornou sua solicitação em três dias.

Rubinho Vitti

Jornalista de Piracicaba, SP, vive em Dublin desde outubro de 2017. Foi editor e repórter nas áreas de cultura e entretenimento. Também é músico, canceriano e apaixonado por arte e cultura pop.

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