Transparência salarial: nova lei na UE obriga empresas a divulgar salários de vagas de emprego

A forma de anunciar e negociar empregos na Europa está prestes a mudar radicalmente. Até junho de 2026, todos os países da União Europeia deverão adotar novas leis que obrigam as empresas a divulgar as faixas salariais em anúncios de emprego — uma medida que promete mais transparência.

A mudança é fruto da EU Pay Transparency Directive (Diretiva de Transparência Salarial da União Europeia), aprovada em 2023, cujo principal objetivo é reduzir as desigualdades salariais — especialmente entre homens e mulheres — e promover práticas mais justas e claras no mercado de trabalho.

Países serão obrigados a divulgar faixas salariais em anúncios de vagas de emprego. Fotos: Envato

A diretiva estabelece que empregadores devem:

Informar o salário inicial ou a faixa salarial antes da contratação ou durante o processo seletivo. Evitar perguntar sobre o histórico salarial do candidato — prática que tende a perpetuar diferenças salariais.

Garantir que os critérios de remuneração e progressão sejam objetivos, transparentes e livres de discriminação. Oferecer aos empregados o direito de solicitar informações sobre salários médios de colegas que exercem funções de valor equivalente.

Proibir cláusulas contratuais que impeçam funcionários de discutirem ou compartilharem seus salários. Essas medidas devem ser aplicadas gradualmente nos 27 países da União Europeia até junho de 2026. Cada Estado-membro está atualmente adaptando as diretrizes à sua legislação nacional.

Irlanda

Na Irlanda, empresas já têm como hábito divulgar a faixa salarial nos anúncios, mas o governo já apresentou um projeto de lei que transpõe a diretiva europeia e que deverá tornar obrigatória a divulgação da faixa salarial diretamente nos anúncios de emprego.

O país, que já possui regras de igualdade salarial desde 2021, planeja expandir a transparência também para os processos seletivos.

Especialistas alertam que as empresas irlandesas — especialmente multinacionais — precisam se preparar para a mudança, revendo estruturas salariais internas, políticas de recrutamento e critérios de promoção.

Benefícios esperados

Para os candidatos, a medida representa um ganho de tempo e clareza. Em vez de “maratonas de entrevistas” para descobrir o salário apenas no fim do processo, os trabalhadores saberão desde o início o que está sendo oferecido.

Já para as empresas, especialistas em RH destacam benefícios reputacionais e estratégicos: mais confiança dos candidatos, processos seletivos mais eficientes e reforço da imagem de “empregador transparente”.

Mas quando as faixas salariais se tornam públicas, funcionários antigos podem descobrir discrepâncias em relação aos recém-contratados, exigindo reajustes ou explicações.

Há também o risco de que as empresas publiquem faixas muito amplas, apenas para cumprir a lei, o que pode gerar desconfiança e frustração entre candidatos.