Estudante brasileira atropelada por caminhão em Dublin quer voltar para o Brasil

Estudante brasileira atropelada por caminhão em Dublin quer voltar para o Brasil

Rubinho Vitti

5 anos atrás

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A estudante Manoella Bierhals da Roza, 22, foi atropelada por um caminhão enquanto voltava para casa depois do trabalho, no dia 24 de abril de 2019. Após semanas no hospital, ela procura ajuda para custear o tratamento de fisioterapia e cicatrização das feridas.

Para isso, familiares e amigos de Manu, como é chamada, criaram uma “vaquinha online” na internet, que está arrecadando fundos para ajudá-la. No dia 16 de junho, uma festa também vai arrecadar fundos para a brasileira.

Como aconteceu o acidente?

Campanha Juntos pela Manu! visa arrecadar fundos para sua volta ao Brasil. Foto: Reprodução/Facebook

Manu conciliava os estudos de inglês com o trabalho como childminder (babá), mas também era cleaner (auxiliar de limpeza) em um escritório, localizado em D2, onde havia finalizado mais um dia naquela quarta-feira à noite e estava voltando para casa, localizada em D7. O acidente ocorreu próximo à Dorset Street.

“Eu fui dobrar a esquina à esquerda e o caminhão também. O que me lembro foi o sentimento de algo puxando minha bicicleta para trás e no próximo piscar de olhos eu estava no chão com as rodas do caminhão em cima de ambas minhas pernas (essas estavam dobradas), gritando ‘help’ para todos que passavam”, relembra. Esse é o segundo caso grave em um ano envolvendo brasileiros pedalando na capital irlandesa.

Oito cirurgias necessárias para recuperação

Manu já passou por oito cirurgias. Foto: acervo pessoal

Manu teve as duas pernas esmagadas no acidente e chegou ao hospital sem metade da panturrilha direita e com vários derrames nas partes posteriores de ambas as pernas, além de descolamento da pele. Desde então, ela se encontra hospitalizada e já passou por oito cirurgias, onde teve que enxertar pele de outras partes do corpo na perna onde não houve regeneração. “Estou tentando reaprender a caminhar, tem sido uma caminhada muito dolorida, preciso de ajuda de, pelo menos, duas pessoas para conseguir me levantar da cama e dar alguns passos”, disse.

Segundo Manu, as fisioterapeutas não conseguem ainda dar um feedback de quando ela estará apta a andar 100%. “As minhas feridas abertas ainda precisam de curativo em algumas partes, e isso depende da minha pele se curar.”

Vaquinha deve auxiliar volta para o Brasil

Manu é de Pelotas, Rio Grande do Sul, e chegou à Irlanda no dia 10 de agosto de 2018. Foto: acervo pessoal

O dono da empresa de caminhões que atropelou Manu compareceu ao hospital e se responsabilizou com o pagamento de todas as despesas. O problema é que agora ele não tem atendido às tentativas de contato formais (via a social worker do hospital e do vice-cônsul brasileiro).

“Eu e minha família decidimos que o melhor lugar para o meu tratamento será no Brasil, onde terei uma maior assistência, pois ainda terei muitas fisioterapias e trocas de curativo a serem feitas, e não sei quando poderei caminhar e trabalhar novamente”, disse.

Portanto, a vaquinha online tem como objetivo auxiliar Manu nessa volta rápida e bancar os custos que não estão sendo bancados. “Essa arrecadação servirá para pagar os custos do hospital, passagens aéreas até o Brasil e as necessidades que encontrarei no Brasil, como fazer troca de curativos nas pernas diariamente ou algumas vezes na semana, fisioterapia, cirurgia reparadora e, também, ajuda psicológica pelo trauma sofrido pelo acidente.”

Sonho interrompido

Manu é de Pelotas, Rio Grande do Sul, e chegou à Irlanda no dia 10 de agosto de 2018. “No momento, não tinha reais planos de voltar para o Brasil, pois estava fechando minha primeira renovação e já estava no meu pensamento a ideia de fazer uma faculdade aqui no exterior”, relatou. Para conseguir sobreviver, fazia dupla jornada como babá e auxiliar de limpeza, além de estudar inglês.

O sonho, que antes era viver fora do Brasil, agora é outro. “Meu sonho é voltar a caminhar sem precisar de ajuda de ninguém, algo que foi tão normal para mim desde a infância, que nunca precisei parar e pensar em quão grandioso é o ato de poder caminhar e ser hábil a levantar da cama pela manhã, praticar esportes, caminhar para todos os lugares que quero e tantas outras coisas mais.”

Caso Manu é o segundo em menos de um ano envolvendo uma brasileira

No dia 1º de junho de 2018, a brasileira Thames Aline Tavares foi atropelada enquanto pedalava ao sair do trabalho. Ela sofreu inúmeras fraturas nos braços, pernas, pélvis e vértebras e ficou em coma. Um ano após o acidente, ela segue internada.

Em 2009, outro acidente muito similar também interrompeu a história de intercâmbio de uma estudante brasileira, que acabou paraplégica e enfrentando uma longa trajetória de cirurgias e reabilitação. No documentário: ¨Hope, The true story of Aline Barros¨, a própria Aline conta como o acidente mudou a sua vida.

Manu aproveita para reafirmar os cuidados ao andar de bicicleta pelas ruas de Dublin. “Não é uma brincadeira, infelizmente. O ditado ‘o maior cuida do menor no trânsito’, na prática, nem sempre acontece dessa forma, fazendo com que vocês, ciclistas, tenham que ficar alertas a todo momento. Priorizem o uso das ciclofaixas sempre que essas estiverem ao seu dispor e evitem os trilhos do Luas.”

Como ajudar Manu?

A campanha Juntos pela Manu! segue ativa pelo site Vakinha.com.br. O objetivo é arrecadar até 300 mil reais, e já foram conquistados mais de 40 mil, cerca de 15%. Os interessados em ajudar podem entrar no site, fazer o cadastro e doar. A campanha segue até setembro.

No dia 16, uma festa acontece no Fibber Magees para arrecadar fundos para Manu.

Nós também publicamos aqui oito dicas para pedalar com segurança em Dublin.

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Rubinho Vitti, Jornalista de Piracicaba, SP, vive em Dublin desde outubro de 2017. Foi editor e repórter nas áreas de cultura e entretenimento. Também é músico, canceriano e apaixonado por arte e cultura pop.

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